Por dentro de uma das maiores fabricantes de drones do mundo, que fica no Brasil
17/07/2021 13:16 em Business

Baseada em São Carlos (SP), a XMobots foi classificada no ano passado como a 15ª maior empresa do segmento e tem atuação forte no agronegócio

 

 

 

Muita gente ainda pensa que drone é um instrumento de hobby e lazer, usado principalmente para fazer filmagens aéreas. A realidade, no entanto, é bem diferente, e o ramo atualmente está altamente profissionalizado e cada vez mais disseminado ao redor do mundo. Isso também vale aqui no Brasil, que por sinal já tem uma das maiores fabricantes de drones do mundo, a XMobots.

Fundada em 2007, a XMobots, localizada em São Carlos (SP), é a maior fabricante do Brasil e América Latina especializada em projetos e produção de drones. No ano passado, ela foi classificada como a 15ª maior empresa do segmento no mundo pelo Drone Market Report 2020, relatório produzido pela Drone Industry Insights, principal instituto de pesquisa voltado ao mercado de drones.

 

 

 

“O mercado de drones, tanto no Brasil como no resto do mundo, está crescendo porque cada vez mais se encontram novas aplicações para essa tecnologia. Começou na área militar, depois entrou na área de mapeamento e agora está muito forte no agronegócio. A perspectiva é que surjam novos mercados, como inspeção e logística. Teremos no mínimo mais uns 10 anos de forte evolução nesse mercado”, relatou Giovanni Amianti, fundador e CEO da XMobots, em entrevista à CNN Brasil Business.

Desde 2016, a companhia tem o agronegócio como principal destino de seus produtos. “Em 2020, 72% das vendas de drones da empresa foi para o setor agrícola. No ano passado, lançamos o Dractor, o único drone do mundo capaz de fazer voos de mapeamento e pulverização em uma mesma plataforma aérea”, afirmou Amianti. Outros produtos da fabricante são o Arator e o Nauru, usados no mapeamento de terrenos. A empresa também desenvolve os softwares usados nos drones.

“O drone tem diversas aplicações no agronegócio. Os produtos que oferecemos servem, por exemplo, para monitorar plantações e pastos, aplicar herbicidas e realizar estudos topográficos. Até pouco tempo, coisa de um ou dois anos atrás, essas tarefas eram realizadas unicamente por aviões agrícolas ou veículos terrestres”, disse o CEO da XMobots, que soma quase 400 clientes no mercado brasileiro.

De acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), existem mais de 80 mil drones registrados no Brasil. Amianti, no entanto, acredita que esse número é muito maior. “Existe um grupo muito grande de usuários que não registraram seus drones na Anac. Acreditamos que a frota brasileira de drones já superou a marca de 250 mil aeronaves, incluindo modelos recreativos e profissionais.”

Estimativas da Drone Industry Insights apontam que o mercado global de drones deve faturar em torno de US$ 42 bilhões no período entre 2020 e 2025. “É um mercado com muita demanda. A XMobots está crescendo em média 53% ao ano, há 10 anos consecutivos. Neste ano, o crescimento deve alcançar a faixa de 200%. Esse impulso vem do agronegócio, que não parou durante a pandemia”, afirmou Amianti, mas sem revelar os números de faturamento da empresa.

“Iniciamos a produção e entrega de drones aos clientes em 2015. Desde então, produzimos mais de 600 drones. Quase todos os insumos utilizados pela XMobots são aqui no Brasil. O nosso índice de nacionalização está próximo de 90%. O que vem de fora são itens da indústria de semicondutores, como processadores e memória, além de algumas peças dos motores elétricos. A maioria desses itens importados vem da China, Estados Unidos ou da Europa”, contou o fundador da XMobots.

Amianti disse à reportagem que os produtos da XMobots também estão despertando o interesse de forças de segurança público, sobretudo o modelo Nauru. “Ele foi projetado originalmente para levantamento topográfico, mas também pode ter outras aplicações como voos de vigilância. Já temos contratos com o Exército brasileiro, mas não posso revelar os detalhes.”

Drone delivery

A próxima fronteira dos drones é chegar aos grandes centros urbanos como ferramenta dos serviços de entrega. Parece até história de ficção, mas, em breve, será possível receber produtos em nossas casas momentos após a compra pela internet, via drone.

“O mercado de entregas por drones é muito incipiente, ainda estamos desenvolvendo essa tecnologia. É um segmento que paga relativamente pouco, por isso, a conta ainda não fecha. Para funcionar é necessário uma tecnologia de baixa manutenção, longo alcance e com preços competitivos. Os drones ainda vão demorar alguns anos para atingir esse nível de maturação. Outros mercado pagam muito mais, como o mercado agrícola e de serviços de inspeção ou de topografia. São eles que estão financiando a evolução dos drones comerciais”, salientou Amianti.

“Existe uma parcela significativa da população que está disposta a pagar mais para receber um produto em casa no mesmo dia que ela realiza a compra. Os drones não vão entregar pizzas tão cedo, mas com alguns itens de valor agregado isso deve acontecer em breve”, prevê o CEO da XMobots.  

 
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