CPI da Pandemia ouve o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta
04/05/2021 13:45 em Politica

O também ex-ministro Nelson Teich deve ser ouvido ainda nesta terça-feira

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para apurar ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia da Covid-19 ouve agora o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (assista ao vivo acima), primeiro convocado para as oitivas. Também nesta terça, o ex-ministro Nelson Teich deve ser ouvido.

Resumo da CPI da Pandemia até aqui:

Questões ao ex-ministro: Mandetta foi questionado sobre as ações como ministro da Saúde no governo de Jair Bolsonaro e afirmou que não havia interesse por parte do governo de fazer uma campanha oficial de orientação sobre a doença. "Aquelas entrevistas [diárias] só existiam porque não havia o normal quando se tem uma doença infecciosa: você ter uma campanha institucional, como foi [feito], por exemplo, com a Aids – havia uma campanha em que se falava como pega e orientava as pessoas a usarem preservativos". 

 

Mais Mandetta: Ao ser questionado pelo senador Renan Calheiros, relator da CPI, Mandetta também afirmou que a ordem para utilizar cloroquina no combate à Covid não saiu do Ministério da Saúde. “Cloroquina com uso indiscriminado tem margem de segurança estreita. Não é aquela coisa ‘se bem não faz, mal não faz’”. Ele também afirmou que um “aconselhamento paralelo” do presidente sugeriu que a bula da cloroquina fosse alterada pela Anvisa para acrescentar a informação de combate à Covid.

Depoimento de Pazuello: Outro ponto que ganhou destaque na CPI, além do depoimento de Mandetta, foi o possível adiamento do depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, previsto para esta quarta-feira (4). O presidente da CPI, Omar Aziz, afirmou que está mantido o cronograma. “Está mantida a presença do Pazuello. Não tivemos nenhum comunicado oficial, o que foi me comunicado é que ele teve contato com dois assessores que contraíram o vírus e ele estava preocupado em transmitir e ficaria de quarentena”. Mais cedo, na abertura dos trabalhos, a CPI da Pandemia teve a informação de que o general queria adiar o depoimento por causa do contato com pessoas que testaram positivo para Covid.

Requerimento: Pouco antes do início da oitiva de Mandetta, a CPI aprovou de forma simbólica o requerimento para solicitar duas auditoras do Tribunal de Contas da União (TCU) para auxiliar nos trabalhos da comissão.

Depoimento preocupa o Planalto

Auxiliares do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ouvidos pela analista de política da CNN Renata Agostini, manifestaram preocupação com o conteúdo do depoimento de Mandetta à CPI.

O entendimento é o de que Mandetta será muito questionado pelos senadores e há temor de que, em meio às respostas, ele possa fazer afirmações que deem brechas para a responsabilização do governo federal.

A primeira versão do roteiro de perguntas preparado pelo relator da CPI possui 45 perguntas ao ex-ministro da Saúde, de acordo com informações do analista de política da CNN Caio Junqueira.

Estão previstos questionamentos duros para Mandetta, principalmente sobre a política de compra de equipamentos e insumos para o combate a pandemia e a recomendação para que as pessoas ficassem em casa ao notar os primeiros sintomas – a avaliação é a de que esses são seus pontos fracos

À tarde, oitiva com Teich

Além de Mandetta, a CPI da Pandemia ouvirá nesta terça-feira (4) o também ex-ministro da Saúde Nelson Teich. A oitiva está prevista para começar às 14h. Teich, que ficou apenas 29 dias no cargo, deve ser questionado sobre as negociações com as farmacêuticas sobre vacinas já que foi na sua gestão que o governo começou esse processo.

Entre as perguntas está, por exemplo, o questionamento sobre o plano que Teich, ao deixar o ministério, disse ter recomendado ao governo e que nunca foi executado – o roteiro do relator prevê, ao menos, 36 perguntas ao ex-ministro.

O principal assunto, contudo, deverá ser a hidroxicloroquina, principal motivo de sua saída do governo. A ideia é mapear a responsabilidade de Bolsonaro na gestão. O ponto negativo que está no roteiro inicial de perguntas é o aumento exponencial de internações e óbitos durante seu período no cargo.

 
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